Equilíbrio necessário, andamento perfeito!

Trabalho colaborativo

Este conceito apoia-se em processos de trabalho em conjunto (nos espaços formais e informais da comunidade educativa) reconhecendo-se, mais-valias potenciadoras de sucesso escolar e de vida.

Alguns autores utilizam o termo "colaboração" e "cooperação" como sinónimos apesar de qualquer um deles apresentar diferenças no modo como se desenvolve. Andrade, Hoffmann & Wazlawick (1998) definem estes termos como distintos, pois a "colaboração é uma atividade síncrona, resultante de um esforço contínuo para criar e manter uma concepção compartilhada do problema. Já a cooperação pode ser compreendida pela divisão do trabalho entre participantes, onde cada pessoa é responsável por uma parte do problema a ser resolvido.

Brincar: um exemplo de trabalho colaborativo


O brincar e as brincadeiras das crianças são uma forma de trabalho colaborativo que devia ser reconhecida como exemplar.


Brincar é a actividade que as crianças melhor conhecem, de que mais gostam e está presente desde que se levantam até que se deitam, em todas as situações, mesmo que muitos adultos o desconheçam e ignorem. As brincadeiras, portadoras de tradições e costumes culturais de significado intangível, são expressões culturais reconhecidas pela Unesco como património comum da humanidade. Mesmo assim, o brincar e as brincadeiras enquanto manifestações colectivas, em que a criança desenvolve relações sociais com o seu grupo de pares e com os adultos, apelando à memória colectiva, nem sempre são incentivadas e respeitadas. 


Há muito poucas coisas em que estamos de acordo quando falamos em brincar e muita ambiguidade quando nos referimos ao brincar das crianças. De uma maneira geral, os adultos acham que quando eles brincam é divertimento, lazer, descontração... mas, quando se trata das crianças, as brincadeiras têm de ter valor educativo. No entanto, o brincar é formal e não formal, real e irreal, cansa e descansa, dá prazer e incomóda, é sério e irrazoável, brincar é um paradoxo porque é, e não é, o que realmente aparenta ser, como refere Gregory Bateson.  


"As crianças aprendem porque brincam !"  não brincam para aprender.

Mas o brincar dificilmente é reconhecido como forma de conhecer o mundo.
O conceito de aprendizagem tem sido especialmente usado para referir o que os adultos ensinam às crianças ou o que supostamente as crianças aprendem com os mais velhos e raramente é utilizado para referir o que as crianças aprendem entre elas. Mais dificilmente ainda é usado para mencionar o que as crianças ensinam aos adultos, e estamos ainda longe de admitir que aprendemos imenso com elas. Uma ideia muito estreita que não ajuda a entender que as pessoas (adultos ou crianças) aprendem sempre juntas. 

Talvez precisemos de reconhecer que o brincar é um exemplo de "trabalho" colaborativo que precisamos valorizar.

Maria José Araújo

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